quinta-feira, 18 de junho de 2009

VOZES DE UM TÚMULO

Morri! E a Terra -- a mãe comum -- o brilho
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim,
Serviu as carnes do seu próprio filho!



Por que para este cemitério vim?!
Por que?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!


No ardor do sonho que o fronema exalta
Construí de orgulho ênea pirâmide alta...
Hoje, porém, que se desmoronou


A pirâmide real do meu orgulho,
Hoje que apenas sou matéria e entulho
Tenho consciência de que nada sou!



Poema de Augusto dos Anjos

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